Pérola Sem rapariga
© Filipe Ferreira
Pérola Sem Rapariga inspira-se na leitura de Voyage of the Sable Venus and Other Poems, de Robin Coste Lewis, e do arquivo fotográfico de Alberto Henschel. O espetáculo pensa a relação entre a superfície do corpo e aquilo que sobre ele somos capazes de dizer, entre legenda e imagem, entre a pele e o salvamento. O artista Kiluanji Kia Henda intervém no espaço da cena instalando prenúncios de apocalipse.
Qual a vida de um gesto — a história de um olhar — a fundura de uma gargalhada? Em Pérola Sem Rapariga ri-se sem razão aparente, do riso deflagra o choro, o choro redunda em sonho e mergulha-se nele como num oceano. É daí que da gargalhada mais antiga, e da possibilidade de a gozar após tanto tempo, se abrem as portas de sonhos inquietos e delas ao fundo dos mares, onde jazem os que não podiam rir. A ideia é mergulhar na gargalhada e acordar do outro lado. Cair no riso como quem cai no sono e no sono como quem cai ao mar. Ou antes, rir como quem se ergue, tirar o pó dos joelhos dentro dos sonhos, erguer a cabeça dentro do abismo. Ou rir como quem se afoga. Renascer de um afogamento. Acordar da morte.
Djaimilia Pereira de Almeida
© Filipe Ferreira
© Filipe Ferreira
© Filipe Ferreira
Texto: Djaimilia Pereira de Almeida
Direção e encenação: Zia Soares
Interpretação: Filipa Bossuet, Sara Fonseca da Graça
Artista visual: Kiluanji Kia Henda
Instalação e figurinos: Neusa Trovoada
Design de iluminação: Carolina Caramelo
Música e design de som: Xullaji
Assistência à encenação de movimento: Lucília Raimundo
Vídeo promocional: António Castelo
Coprodução: Sowing_arts,Teatro Nacional D. Maria II, apap – FEMINIST FUTURES
Apoio: Casa da Dança, Polo Cultural Gaivotas Boavista
Parceria: Ciclo Abril Abriu, Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril
Zia Soares é uma artista apoiada pela apap – FEMINIST FUTURES, um projeto cofianciado pela Europa Criativa da União Europeia
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